Header Ads

Em Londrina, MP-PR Denuncia Policiais Militares Por Envolvimento em Chacina que Deixou 12 Mortes.



MP-PR denuncia policiais militares por envolvimento em chacina que deixou 12 mortes em Londrina.


Dois anos depois da série de assassinatos registrados em Londrina, no norte do Paraná, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou dois policiais militares por suspeita de envolvimento direto no caso.
Os agentes públicos são suspeitos de atirarem contra três homens que sobreviveram ao episódio conhecido como “noite sangrenta”.
Doze pessoas foram mortas e 14 ficaram feridas entre os dias 29 e 30 de janeiro de 2016. Os ataques ocorreram em sete locais diferentes, após o assassinato do policial militar Cristiano Botino.
Em dois endereços, no Jardim Bandeirantes e Jardim Planalto, três pessoas morreram em cada um dos locais. Segundo a Polícia Civil, cinco das vítimas não tinham passagens pela polícia.

A denúncia

A denúncia contra dois policiais militares foi oferecida na sexta-feira (26). Segundo o promotor Ricardo Alves Domingues, não foi realizada para coincidir com a data de aniversário da tragédia.
“O Ministério Público aguardava o resultado de perícias requisitadas ao Instituto de Criminalística, como não há previsão para o término das perícias e temos depoimentos de testemunhas, que estavam presentes no momento que os tiros foram disparados, oferecemos a denúncia”, explica o promotor.
“Conforme os depoimentos, esses policiais atuaram como executores”, complementou.
Na denúncia, o MP-PR pede a suspensão do porte de arma dos suspeitos, suspensão parcial da função pública, proibição de aproximação das testemunhas e comparecimento periódico ao juízo.
Dos 17 inquéritos abertos pela Polícia Civil apenas o que originou a denúncia de sexta-feira se teve provas adequadas, ainda conforme o MP-PR.
“As investigações avançaram muito pouco, tendo em vista que as perícias necessárias até o momento não foram concluídas por falta de estruturação do órgão responsável. Apesar da gravidade deste caso ele não tem sido tratado com prioridade”, enfatiza o promotor.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública

Por meio de nota, enviada pela assessoria da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR), a direção da Polícia Científica informa que em relação ao Instituto Médico-Legal (IML), todas as necropsias foram realizadas, e os laudos foram prontamente entregues à Delegacia de Homicídios de Londrina.
Ainda na nota, a Sesp-PR disse que mais de cem exames relacionados a estes casos e a maioria dos laudos já foram concluídos pelo Instituto de Criminalística, e encaminhados às autoridades respectivas.
Restam, no Instituto de Criminalística, apenas dez exames, da área de equipamento computacional, que ainda estão sendo elaborados.

Investigações na Polícia Civil

Depois de passar por dois delegados, as investigações foram transferidas ao delegado Vitor Dutra de Oliveira. Ele diz que a demora na conclusão das investigações se deve à complexidade do caso e à entrega de laudos periciais de materiais apreendidos.
“Existem alguns casos que há indícios de destruição de provas, e isso está dificultando demasiadamente as investigações. A suspeita é de que alguns policiais possam ter destruído provas. Além disso, há o fato da demora de conclusão das perícias. As perícias são imprescindíveis para a conclusão das investigações”, diz o delegado.
Conforme a Polícia Civil, cápsulas de munição utilizadas nos assassinatos e imagens de câmeras de segurança desapareceram. Os investigadores descobriram ainda que um aparelho que gravava imagens de um dos locais foi subtraído.
O delegado afirma que outra dificuldade na apuração são os depoimentos de testemunhas. Como há a suspeita de envolvimento de agentes públicos, algumas pessoas ficaram com medo de prestar esclarecimentos.

“Desde que assumi o caso, estou fazendo o possível para ele ser concluído, preferencialmente com a identificação dos autores e a prisão dos mesmos. Como dependo dessas perícias, não consigo fazer o andamento dos inquéritos”, conclui o delegado.

Possível caso relacionado

De acordo com o MP-PR, o único caso que está na Justiça é o do homicídio de um homem, que ocorreu em março de 2016, e que pode ter relação com a série de assassinatos.
Em julho de 2016, a juíza Elisabeth Khater, da 1ª Vara Criminal de Londrina, decretou a prisão preventiva dos quatro policiais militares e de um publicitário. Os cinco foram denunciados pelo homicídio de um carroceiro, em março de 2016, próximo à estrada velha da Warta.
Eles foram soltos em agosto de 2016, mas voltaram a ser presos em junho de 2017. Por decisão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), os cinco foram novamente soltos em julho. Eles estão afastados das funções.
Conforme o MP-PR, os quatro policiais mataram o homem que passava na rua sem motivo. Após o assassinato, o grupo pediu para um PM e para o publicitário levarem uma arma até o local do crime.
A ligação foi gravada com autorização da Justiça e apresentada pela Polícia Civil como uma das pistas que liga os policiais à série de mortes.
Ao longo das investigações, a polícia ainda descobriu um arsenal de armas e munição de uso restrito na casa do publicitário, ainda segundo o MP-PR.
Conforme a denúncia da promotoria, após a realização de confrontos balísticos se descobriu que a arma encontrada no local do crime, ao lado da vítima, foi a mesma utilizada em homicídios registrados em janeiro de 2016.

Famílias querem respostas

Enquanto as investigações não são concluídas, as famílias das vítimas que morreram sofrem a dor de não ter uma resposta. Os pais de Matheus Henrique Cyrillo Modesto, morto por volta das 22h30 da noite do dia 29 de janeiro de 2016, lutam para o caso não cair no esquecimento.
  • 'Nunca vou enterrar o meu filho', desabafa mãe de jovem morto há dois anos
“Temos sempre que procurar a Justiça para que os criminosos que fizeram isso com o meu filho sejam julgados”, ressalta Marco Antonio Modesto. “Um fato desses precisa ser esclarecido, não pode ficar impune”, enfatiza.
“Há dois anos nós perdemos o nosso filho, assim como outras famílias também perderam o seus filhos e pais. Há famílias doentes, e por isso não podemos deixar em branco. Os responsáveis precisam ser punidos, doa a quem doer”, desabafa Adelaine Simone Cyrillo.
Fonte: G1
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.